sexta-feira, 3 de julho de 2009

Uma história para se contar

Algumas coisas na vida são tão simples que não merecem uma explicação, outras tão complicadas que não conseguem ser explicadas. Nossa história, ainda em andamento, tem partes simples como a preparação de uma festa de casamento e complicadas como a busca da compreensão em relação ao insucesso de tentativas na concepção de uma semente para a continuidade de nossa história. No meio destes dois extremos existiram várias situações que merecem ser divulgadas. Tentaremos passar todos os sentimentos que compartilhamos fechados em nosso mundo, pois acreditamos que eles nos transformaram em pessoas felizes e melhores. Melhor do que viver uma emoção, é saber reconhecê-la e revivê-la quantas vezes possível.

Nossa história começa há muito tempo atrás, mais de 15 anos quando ouvi pela primeira vez a frase: “Eu quero ser mãe nova, depois de casar eu quero engravidar em no máximo um ano”. Nossa! Nós havíamos dado só um beijo! Eu achava que haviam outras coisas mais românticas para se dizer após o primeiro beijo e da minha parte só saiu: eeeerrrrrrrrrrrr, ok! Afinal, depois daquele beijo docinho e aquela coisa linda nos meus braços, o que mais eu podia fazer a não ser concordar. Porém, o que havia acontecido com as fases de namoro, noivado e coisas afins? Além é claro de algumas variáveis muito importantes como dinheiro e estabilidade emocional. Na época eu tinha 17 anos, ela 14, vocês imaginam como isso é interpretado na cabeça de um “pivete”? Como eu pensava da mesma forma, ou seja, não queria ser pai “véio”, então não encarava como um problema, mas minha interpretação foi “claro, claro, quando casarmos iremos providenciar isso”. Muita calma nessa hora, ainda temos muito chão pela frente antes de pensar neste passo.

Chega o grande momento. A preparação da festa de casamento, uma cerimônia onde o noivo (este que vos fala) é tão (ou menos) importante do que os ornamentos da igreja, estava a todo vapor quando a Nanade mais do que nunca reafirmava seus planos de ter filhos rapidamente. Parece que nem os 7 anos e meio de enrolação, digo namoro, ajudaram a tirar a idéia fixa de ser mãe cedo daquela cabecinha. Aliás, esse “passo adiante” não era apenas uma idéia da noiva, mas de toda a família da parte do noivo. Os véios ainda não tinham netos e minha avó por parte de mãe ainda não tinha bisnetos. Aliás, esta realidade se mantém até hoje. Pela parte da família da noiva temos que fazer uma menção honrosa ao Alex. O filho mais velho da família buscapé é uma máquina de gerar menino. Se algum dia vocês estiverem perto dele e ele espirrar, cooooooooorram, caso não queria engravidar. É incrível a capacidade deste cara, como diz o meu amigo Ricardo, se pingar no chão nasce uma árvore. Vale ressaltar que antes de casarmos realizamos vários testes para avaliarmos nossa saúde. Um dos testes que realizei foi o espermograma, que merece ser contado com detalhes.

Eu resolvi fazer o exame por pura escolha pessoal, queria saber se estava tudo bem comigo e este exame estava na lista. Eu sempre achei que os laboratórios seriam bem preparados e de fato existem alguns com uma estrutura muito boa. Porém, como tenho uma sorte incrível para passar por experiências valiosas para serem contadas, fui cair num laboratório lixão em Brasília. Eu estava extremamente nervoso, pois seria a primeira vez que alguém teria certeza que eu estava me “divertindo” dentro de um recinto. Claro que nós nunca achamos que nossos pais sabem, então reformularei esta frase: seria a primeira vez que eu teria certeza que alguém tinha certeza que eu estava me “divertindo” dentro de um recinto. Acreditem, isso não é uma sensação muito agradável e com certeza não ajuda no resultado do exame, se é que me entendem.

Cheguei no laboratório, peguei uma senha e fiquei aguardando na sala de espera junto com uma dúzia de pessoas que esperavam ser chamadas para diversos exames. Chegou o meu número e fui ser atendido pela recepcionista. Eu realmente estava morrendo de vergonha. Quem em sã consciência escolhe fazer um espermograma sem qualquer motivo? Muito trêmulo entreguei o papel com o requisição do exame para a moça que gentilmente me perguntou num tom que toda a sala conseguia ouvir. “Espermograma?”. “Si..sim... é.. é..é isso que está escrito aí, certo?”. Minha voz quase não saia e eu não tinha coragem de olhar para trás, pois sentia que todos os olhares estavam batendo na minha nuca. A visão que eu tinha da sala (na minha imaginação) era uma pessoa cochichando uns com os outros e uma senhora tampando o ouvido do seu filho na primeira fila. Não sei se foi isso que ocorreu, mas era isso que estava na minha cabeça. “Cris, trás um recipiente para espermograma”, novamente aquela voz que não cabia dentro do balcão de entrada reverbera no recinto. Uma mulher simpática veio com um copinho que parecia um balde (ainda na minha imaginação). Eu fiquei assustado com o tamanho e perguntei se precisaria encher aquilo. Ela riu e disse que não, era só o que eu pudesse fornecer. Puxei força do fundo do meu estômago e consegui soltar a única piadinha que veio à minha cabeça. “Ufa! Ainda bem! Caso contrário precisaria de uns 3 dias” e veio um sorriso amarelado. Foi então que a recepcionista com toda a sua simpatia me disse uma palavra de apoio: “próximo!”.

Bom, não sabia o que fazer e me dirigi à simpática Cris para me ajudar (não da forma que estão pensando). A Cris me explicou que eu tinha que coletar o “material” e quando terminasse poderia apertar a campainha na parede que ela voltaria para pegar a encomenda. Fiquei muito mais confiante por ver que existia todo um esquema para te deixar mais a vontade para a realização do exame. Muito mais seguro de mim, resolvi seguir adiante: “Ok, posso ir para o local, onde é o ambiente preparado?”. Ela esticou o braço e apontou para o banheiro que se localizava no meio da sala de espera, aquela com um dúzia de pessoas que haviam acabado de ouvir o que eu estava fazendo ali. “Cris, me ajude por favor! Você tem certeza que não há outro recinto mais, digamos, discreto, onde eu pudesse me “concentrar” melhor?”. “Não, este é o único local disponível”. Rapidamente a confiança e segurança foram por água abaixo. Eu sinceramente não sei como consegui atravessar a sala sob todos aqueles olhares para poder me trancar naquele banheiro que mais parecia uma cela de solitária. Eu não sei nem o que pensei na hora, pois acredito que esta lembrança foi apagada da minha memória. A única coisa que lembro é que quando fechei a porta e me preparei para começar o serviço ouvi um “shhp shhp shhp shhp, ihihihihihihihihihihihhihihi”. Aquilo foi uma bomba, eu não sabia o que as pessoas comentavam lá fora, mas eu tinha certeza que estavam rindo da minha cara. Isso atrasou o jogo em mais 10 minutos pelo menos. Sem contar que no meio da partida ainda rolou aquela batida de porta de alguém com vontade de ir ao banheiro. O cara ainda insistiu: “amigo, estou apertado”. “Acredite, quanto menos você insistir, mas rápido eu sairei, você definitivamente não está ajudando”.

Finalmente consegui chegar ao final. Os momentos decisivos foram os são mais angustiantes. Não vou explicar em detalhes, mas alguém já teve uma “emergência” onde teve que para no meio da estrada para se aliviar nas matas brasileiras e se deparou com o desafio de fazer isso em pé? Você não sabe se faz força nas pernas ou na barriga, se segura na árvore ou tira a calça da frente, se se preocupa com os mosquitos ou com os carros que passam na estrada. Sabem como é? Pois é exatamente este o sentimento. Após sair do recinto ignorei completamente quem estava sentado na sala de espera e corri para a campainha. Achei que tinha acabado, mas ao apertar a campainha a “sirene” tocou do lado de fora também e mais uma vez eu fui o centro das atenções. Eu parecia um menino que tinha acabado que quebrar o vaso chinês da mãe. Cabisbaixo, mãos para trás, não sabia se corria, chorava ou se escondia, mas sabia que tinha encarar o problema uma última vez. Finalmente a Cris apareceu e entreguei o pacote. Fim da agonia. Ufa!

No dia seguinte o laboratório ligou dizendo que a amostra não foi suficiente para realizar os exames e eu teria que voltar para encarar essa brincadeira novamente. AAHHHHHH, para com isso! Como alguém pode fornecer material suficiente neste recinto? Será que eu poderia fazer a coleta em casa e levar o material pronto? "Não senhor! Não é possível!" Caramba, esse pessoal deve estar filmando tudo e colocando no youtube, não é possível! Diga-se de passagem isso não existia nesta época. Para finalizar, consegui achar outro laboratório mais descente e realizei o exame novamente sem maiores traumas.

O resultado final foi satisfatório. Eu tinha a quantidade normal de espermas, a mobilidade estava boa e nada indicasse que eu teria problema para gerar uma criança. Nos poderíamos colocar nossos planos em prática a partir do momento que achássemos apropriado. Que beleza!

Nos posts seguintes, continuaremos contando nosso caminho. O que passamos em São Paulo e aqui no Canadá. Até a próxima.

6 comentários:

Cinemusique disse...

Cenas dos próximos capítulos!!!

:o)

Zeinha disse...

Nanade e Lu, os "grávidos" mais corujas do pedaço....acabei de saber pela vovó Su da grande e feliz novidade. Estamos felizes, nós que vivenciamos e compartilhamos desta linda historia de amor de vcs (e que lembra a nossa lá pelos idos de 1963...1º amor) e nos emocionamos (nos sentimos um pouco avós desta criança que está se formando...) é renovação, é o milagre da Vida. Voces merecem este presente de DEUS, muitas, muitas felicidades, muitas bençãos. Carinhos dos tios Zeinha e Maciel

K disse...

Ah, não!!!!

Você quer matar a gente de curiosidade, né?

E que horror essa situação, hein?!

Beijo,

K.

Philippe disse...

hahaha passei por experiência semelhante. Até ia dizer que foi pior que a sua, mas a batida na porta faz seu caso ganhar do meu. Fui todo feliz achando que iria ter sala especial, material de "incentivo", etc. Tive que ir pro banheirão mesmo, e lá tem aqueles ventiladores que ligam quando fecha a porta... e faz aquela barulheira!

Infelizmente o resultado do meu exame não foi bom como o seu.

Anônimo disse...

Não foi possivel não rir imaginando a cena, eheh. Tenho pena dos homens nesta situação. Mas foi por uma boa causa e finalmente vcs serão papais de 2 lindas crianças. Parabens!! Um abraço, Rosa

Li e Karllus disse...

Foi impossível não morrer de rir sozinha em casa lendo.... I'm sorry Lu...

A parte boa é que parece que estão grávidos..., mas tenho que ler todos os posts antes de dar os parabéns...
beiZoccas,
Elis