segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Papai Noel ou Bicho Papão? (1)

Resolvemos escrever vários posts sobre o tão temido inverno. Queremos passar uma boa idéia do que esperar, como se preparar, quais os mitos, as verdades, resumindo. Será que o frio é algo proibitivo? Começamos escrevendo um post apenas, mas vimos que há muito coisa a dizer e a leitura ficaria cansativa. Então, inicia-se a série Bicho Papão ou papai noel. Vamos que vamos.

O inverno é o grande assunto a ser discutido por aqueles que estão no caminho das terras do norte, o grande medo, o maior argumento negativo contra a troca de país. Quem nunca ouviu aquele irritante comentário às suas "boas novas": "Canadá? Lá é frio!"? Ou então aqueles outros mais enfáticos proferidos por pessoas com uma extensa experiência de ter passado 3 dias na “gélida” Gramado: "vocês não sabem o que é frio! Quero ver quando ele chegar, vocês voltarão em 3 segundos". Estas respostas nos influenciam, mas nada que tire nosso sono. Afinal, sabemos que é uma condição que não podemos mudar. Aliás, vamos além disso, sabemos que existe o frio e apesar dele escolhemos o Canadá como nosso novo rumo. Porém, realisticamente, quão ruim é esse monstro?

Antes de mais nada gostaríamos de contar um pouco nossas experiências passadas para contextualizar nossa relação com o “frio”. Tudo que colocarmos aqui será resultado de nossas experiências e provavelmente terão pessoas que não concordarão com algumas visões, assim acredito que seja importante apresentarmos estas situações.

Lembro quando morava no Rio de Janeiro, estudava no Colégio Militar e o horário extremamente rígido nos fazia acordar 5 da manhã para estar em forma às 7:00h. Os meses de “frio” nos presenteava com a possibilidade de soltar fumaça pela boca. Aquela brincadeira só era possível em poucos dias por ano e olhe lá. Tinhamos que soltar um bafão para sair uma fumacinha de nada, mas era suficiente para nos divertir. Lembro a primeira vez que vi 18oC de temperatura. Aquele era o sinal que deveríamos nos agasalhar, mas ao mesmo tempo víamos diversas pessoas entrando no bondinho do Pão de Açucar apenas com camiseta. Pessoas brancas que só podiam ser da Finlândia ou algum lugar muuuuuuito frio para conseguir se vestir daquele jeito naquela temperatura. Esses foram dias felizes da minha infância, então ficou marcado que frio também tinha um lado divertido, naquele época traduzido como uma mera brincadeirinha de soltar fumaça pela boca.

Mais histórias prévias de frio. Há um certo momento do nosso relacionamento os pais da Nanade se mudaram para Três Corações. Quem conhece sabe que o inverno por lá não é brincadeira, as temperaturas chegam a absurdos 3 graus durante a madrugada e algumas vezes chega até a gear nas noites mais frias. Porém, como eu morava em Brasília, o frio significava que eu iria encontrar o meu amorzinho. Tudo que envolvia aquela viagem, que durava 3 ou 4 dias de 40 em 40 dias (ou mais), eram apenas condimentos que misturados da maneira correta me serviam o melhor dos alimentos, a renovação da esperança, a recarga emocional, o combustível necessário para eu enfrentar mais 40 dias sem usufruir de perto deste sentimento que a cada dia crescia e que hoje é a base da nossa convivência: o amor.

Outra situação em nossas vidas. Logo após nos casarmos fui realizar um projeto em Porto Alegre e fiquei na cidade por 2 meses seguidos. Ao final do projeto combinamos que a Nanade iria me encontrar para que conhecêssemos Gramado. O vôo dela estava marcado para chegar às 18h. Assim, comprei a passagem de ônibus para gramado às 6h da manhã do dia seguinte. Iríamos passar somente dois dias por lá, então era melhor aproveitar tudo que podíamos. A Nanade estava experimentando um dos primeiros vôos da Gol e logicamente o mesmo chegou muito atrasado, por volta da meia noite. Rapidamente resolvemos que iríamos remarcar nossa ida para Gramado para às 9h para que a Nanade pudesse ter o mínimo de descanso. Assim fizemos e qual não foi nossa decepção ao chegar em Gramado e descobrir que havia nevado até as 8 da manhã e a chuva havia varrido toda a neve da cidade. Passamos o tempo inteiro procurando nem que fosse um bolinha de neve, mas nada conseguimos. Houve uma promessa que nevaria na noite que chegamos, mas ficamos a ver navios, ou melhor, foundue apenas. A viagem ficou um pouco mais triste, ficamos com aquele sentimento que alguma coisa estava faltando.

Tudo isso fez com que a neve fosse uma atração para nós e não um incômodo. Porém, nunca havíamos vivido esta realidade, então como seria? Resolvemos vir para o Canadá enfrentando logo o pior período, o maior pesadelo. Por mais que não tenhamos enfrentado os piores meses, o frio de março era suficiente para nos mostrar que teríamos que nos acostumar com um mundo diferente. Quando chegamos estava frio e o enfrentamos da pior maneira possível. Tínhamos apenas roupas do frio brasileiro, sem emprego, sem carro e uma enorme necessidade de estar no meio da rua por diversos motivos, mas como podem ver o frio não era a maior de nossas preocupações ele passou despercebido. Aliás, muito pelo contrário, ele foi uma variável que nos fazia nos sentir importantes, pois sempre havia um assunto relacionado a isso para compartilharmos com família e amigos. Toda vez que comentávamos que de certa forma gostávamos no frio, talvez por ser uma situação diferente, ouvíamos: “esperem até passar o inverno inteiro, só depois voce podem dizer”. Ok, sabemos que temos que vivenciar tudo para poder avaliar as desvantagens.

Próximo post falará sobre conceitos de frio. Como entender o que ouvimos na TV. Como interpretar o Weather channel.

3 comentários:

Ross e Rachel disse...

Muito bom o post! As vezes as pessoas falam do frio pra gente tb, mas eu nem ligo. Eu e meu marido adoramos o frio e este na verdade nem será um problema pra gente qdo chegarmos ai, até pq coisas como o desemprego me assustam mil vezes mais....rs..
Abs,
Rachel

Eliane disse...

Excelente post Luciano.
Estamos aguardando mais.
Beijos, Eliane e Paulo.

Anne Caroline disse...

Adoreeeeeeeeei o primeiro texto da série.. rsrsr Tbm acho que o frio não remete apenas a solidão e temperaturas gééélidas.. Mas devo confessar: fiquei curiosa mesmo pra ler a próxima matéria "como interpretar o weather channel".. rsrs

Beijos..

Anne